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1. |
Presença
03:59
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Obliterando meus pulmões com um arcaico rumor
O Sol ergue-se e impõe falsa luz
Atraso de uma vida, a essência da minha mente bloqueia-a
Tal como bílis, a cratera infinita em meus olhos drena a cor
A aura violeta vaga além do meu corpo, deteriorando
Pálpebras pesadas; falso despertar apodera-se das minhas forças
E quebra-a sequencialmente; dezesseis partes mantidas além do encontrar
Todo esse estímulo exaustivo ameniza minha voz
E coloca-me em um lugar longe de quem eu costumava ser
Guias autoritárias guardam o museu de costumes pretéritos
O vácuo me atravessa, deturpando o tempo e as partículas
E aqui estou
Ou - ao menos - estou?
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2. |
Proscrição
06:38
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Replicando erros futuros
Peço: revela as evidências deste que danou-me
Jamais foi-te ao esquecimento que guardei
A névoa agasalha meu núcleo em gelo
Assine meu tratado de saudade
E assedie meus pulmões com a essência cortês
O couro de minha pessoa queima e desprende
Condescende teu desgosto por mim, e o espaço arde a garganta
Confabule minhas falhas, por todos estes lados empoçaram-se
Tão comum; a desavença torna-me à idealização
E em meus sonhos, aquele senhor anuncia que meu interior
Disse adeus ao momento que voltou-se contra mim
Relembrando tal fantasma, este que me aparece no desmoronar
Nesta noite darei-te congratulações e o aguardado adeus
Nesta noite, incendiarei as palavras e a imaginação
Pois o remorso pela inquietação anulou o nosso amanhã.
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3. |
Dissolução
06:56
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Ingestão a acionar receptores
Inicia-se o processo: cubro do tecido universal a mente
Profundezas hipnóticas, alastra a neblina
Confunde em letargia a aparência do tangível
E, brumosamente, há deformidade dimensional
Cria-se o véu - segredos mantidos
Age o espelho a aprisionar a autoimagem
A reflexão ocular abre o túnel a opor essências
Desaparecida égide, o céu intoxica
Perspectivas emaranhadas entre o sono e o medo
Lapsos entre sonhos contidos em sonhos
O peso perdura na fraqueza
O apoio químico desvencilha a constância
A obscuridade traz a iluminação
O entorpecimento traz a introspecção
Só posso existir na irrealidade
Onde me desprendo da materialidade
Me torno por completo no que minha mente deseja
Sou tingindo pela imaginação que em mim lampeja
E é aí que vem a clareza
Que limpa de toda torpeza
Percorro a esmo
Na efemeridade em posso ser eu mesmo
Nos fragmentos de êxtase que logo esqueço
Sentidos paradoxais
Experiências anormais
Dissonância dos mortos
Catacumbas reviradas
Conexões com vidas passadas
Ares do escapismo, uma exploração subconsciente
A matéria se desfaz à presença do abuso
Faz-me desfazer o vínculo ao concreto
E, ao término da trilha, ventos guiam as ramificações
Pelo eterno, fecho-me da vazia exatidão
Tamanha é a supremacia das abissais ruínas do irreal...
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4. |
Ciclo
07:57
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Pouco era, tampouco mínimo é
Arquétipo (do) pífio, única coisa é a ter fé
Fé não pelo melhor, mas, sim, no destino
Ao saber que tal me reserva um esquecimento fino
Estressa a corda (da voz) que equilibra receios atemporais
Curvo apoio à porta, espero, espero, imploro
Em sete noites de fome, nada há além de escárnios capitais
A padecer de intimidação congênita - singular suspiro insonoro
Ciclicamente em vão, ciclicamente no ignorado vão
Carta charlatã, e quem me dera conseguir confiar...
E sei: no esforço, máximo será o prazer dos que em consciência ignorarão
Mas não nego o merecer, afinal, admito o erro de encarnar
A doce floração d'um aspecto autoinduzido; rio
Na partitura a ressoar em todas as almas, encontro-me em extravio
Quaisquer direitos de mim foram levados à deficiência
Enfim, a porta abre: um conforto no imaginar da correspondência...
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5. |
Reconstituição
08:00
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Distante observação; rompe-me a composição
O clamar da neblina defronta frágeis estruturas cristalinas
Rarefaz-se o contorno e, em abrupção, sublimam as energias
Soa a cinza melodia ambiente e, à ocasião, afundam as algias
O agouro do interior resseca o exterior
Constância a fragmentar-se à realização
Por os ventos dissipam meus sentidos a outro ver
Decrépito vezo, e o sangue lava-se de minha mão
Ante - contudo - destas manchas a cicatrização, cismo:
Haveria jogado-me ao chão a fim de ansiar ser são?
Ou não; o quão inerentes fazem-se os pecados que me dão?
Haveria aprendido a lição, ou mesmo ela é tão em vão?
Ao tempo que passa, branco tecido, voaste às notívagas nuvens
Ecoa a meu peito o lume d'um aprisionado universo
A apresentar-me vivência do futuro - um que meu imaginário jamais teria sido
Não mais sinto a caça - lágrimas análogas, e a neve envolve-me em enlace.
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6. |
Caído ao Sono
03:24
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Orlög Black Art SP, Brazil
Orlög Black Art is a private label dedicated to extreme and sincere music.
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